terça-feira, 19 de outubro de 2010

NEW YORK UNITED TOUR 2010


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Sick of it all

Madball 
 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

UM NOBEL DE CONTRA-SENSO

   "O PCP consegue sempre surpreender pela negativa nas suas tomadas de posição. Agora caíram no ridículo ao criticarem a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo. É o PCP, what else?

   Há coisas que não têm explicação. Uma delas é o PCP ainda existir. Outra são as tomadas de posição que provavelmente fariam sentido em regimes democráticos, pluralistas e com forte sentido humanitário como a República Popular da China ou a República "Democrática" da Coreia do Norte. Mas sobre a falta de liberdade em que vivem estes povos não vejo comunicados deste partido. Encolhem os ombros ou assobiam para o ar cada vez que se aborda o assunto.

   Num curto comunicado o Partido Comunista considera que a decisão de distinguir Liu Xiaobo é "inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China".  "É, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre povos", refere ainda o PCP.

   Valores da paz, da solidariedade e amizade entre povos? Estão a falar de quem e do quê? Do Governo chinês? É impressão minha ou a pessoa a quem foi atribuído o Nobel está há dois anos preso (pela terceira vez) por defender aquilo em que acredita, sem nunca ter recorrido à violência ou cometido qualquer acto considerado ilegal - num país tolerante ao livre pensamento pelo menos - ah esperem esqueci-me que este desgraçado vive na China.
   
   O Governo chinês, esse último e maravilhoso bastião da liberdade comunista adora afirmar e fazer prevalecer "os valores da paz, solidariedade e amizade" enviando para a cadeia quem não pensa pela cabeça do regime. Uns verdadeiros amantes da democracia. Gostava de os ver no Avante a tocar gaita, vestidos de flanela da cabeça aos pés.

   Aconteceu com Álvaro Cunhal e outros pré-revolução, lembram-se? Acreditavam que era possível mudar o estado de coisas. Mas curioso, na altura chamavam perseguição, fascismo e supressão da liberdade (e bem) à forma como foram tratados pelo regime. Só porque tinham ideais distintos. Queriam ser livres e acabavam presos. Agora, numa situação em tudo semelhante, não lhe chamam nada. É engraçado ver como funciona o PCP: mudam-se os tempos, mudam-se as liberdades.

   Algo a dizer sobre o facto do querido regime chinês ter colocado ontem a mulher do galardoado em prisão domiciliária? Nenhum comunicado do PCP sobre esta matéria? Nada?

   O único "golpe na credibilidade" será na do PCP e na de quem assina estes patéticos comunicados. O PCP não consegue descolar das posições internacionais do partido. E olhando o mapa mundi político o comunismo é uma espécie rara, em vias de extinção. Agarrados a resquícios ideológicos sem perceberem que apenas evoluindo na mentalidade garantem sobrevivência. Este comunicado é um tiro no pé, no partido e na sua história feita de lutas várias. Uma atitude deplorável, desrespeitosa, serviçal, mesquinha e patética.

   Este PCP cheira a mofo e deverá ser extinto no tempo. Resta deixar que a selecção natural aplicada à política e ao papel de certos partidos na sociedade actue, levando ao seu mais do que provável desaparecimento."

in Expresso 


Não sendo eu apoiante ou afecto ao PCP, - ou a qualquer outro partido para esse efeito - , não deixam defacto de me intrigar estas tomadas de posição inexplicáveis e até absurdas de uma partido que tanto apregoa temas como a solidariedade social, a defesa e salvaguarda dos direitos humanos, a liberdade de expressão e afins, pactuando ao que parece com decisões e manifestações de prepotência que as renegam e anulam por completo.

Acho até caricato, e fazendo uma comparação, que, e dando exemplo, manifestações de convívio salutar, ideias com força e de esperança porventura, e basicamente de um ambiente de total liberdade e troca de vivências e pensamentos como é a Festa do Avante, - onde este ano inclusivé estive presente e pude comprová-lo - , se possa pôr em causa tudo isto com tomadas de posição que deixam realmente uma pessoa a pensar e a ponderar se realmente o PCP não será um partido bipolar e refém de muitos "fantasmas" e ideais que toldam a sua convicção e acção política e social.

E aí o termo Anacronismo vem de imediato à cabeça. Será o caso?

Estará o Partido Comunista Português descontextualizado, em falta de consonância com os valores que devem (ou deviam) reger e pautar a nossa sociedade hoje em dia?

Olhando para a Festa do Avante não o diria.

Olhando para este comunicado criticando a atribuição deste Nobel diria que talvez.