segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

`Chiclete´

"Clube pastilhas"


Tivesse força de lei o ‘princípio chiclete’ de Vítor Pereira e Isaltino Morais já cumpria pena, um procurador do Ministério Público não se enervava com recursos, a Opinião Pública dava mais crédito à Justiça.


O treinador do FC Porto explanou a sua teoria – os jogadores não são meras chicletes, o mesmo é dizer que não devem ser utilizados num jogo e relegados para o banco no seguinte apenas porque outros estão disponíveis.

O presidente da Câmara de Oeiras – imagino – é avesso ao conceito. Isaltino Morais mastiga as acusações e saboreia os doces recursos, uns atrás dos outros. Para ele, ao contrário de Pereira, a táctica da pastilha é essencial – masca-se e deita-se fora. Tudo bem consumido até ao fim do prazo de validade.


Quem não se conforma é o procurador do Ministério Público de Oeiras. Revoltado com a resolução da juíza em adiar a prisão de Isaltino, aponta uma "gravíssima violação das regras do sistema judicial". E, entre avanços e recuos, a vida do autarca segue sem grandes dramas.

Já Domingos Paciência não teve tanta fortuna num clube que mastiga treinadores tal qual Jorge Jesus devora chicletes em dia de jogo. Futebol e política, uma equipa: Pastilhas Futebol Clube.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Isto está mau!...

Uma das coisas que me intriga é,por exemplo,estar num café e ouvir frequentemente aquele homem ou mulher a afirmar a plenos pulmões e com um tom resignado que "Isto está mau!...",expressão que é sintomática por todo o país claramente.

"Isto está mau" mas era suposto não estar,e aliás,olhando para trás,ao longo destes 38 anos de "democracia",só houve uma altura em que isto não estava "assim tão mau",quiçá nos primeiros governos de Cavaco Silva,entre 1985 e 1995 sensivelmente,onde as verbas da União Europeia fluíam,o ânimo geral da população era de certa maneira leve e calmo,e que muitos até apelidavam por essas alturas Portugal como a "Califórnia da Europa",exagero claro,mas que reflectia um bocado a relativa serenidade que se vivia na altura.

Mas,como se viria a verificar anos mais tarde,muitos erros se cometeram nessa altura de aparente calmaria e prosperidade,derivado essencialmente desse excesso de confiança geral,dos dinheiros da União Europeia mal distribuídos e aplicados,e de muitos se terem aproveitado dessa conjuntura favorável para se auto promoverem ou tirar lucro de uma ou outra maneira,sem pensar a médio-longo prazo quiçá,e acentuado o desnível social na sociedade portuguesa.


Mas o que me intriga não é o facto propriamente de o dizerem,porque a verdade infelizmente mora na frase em si,mas sim a resistência temporal que a assiste.

Eu explico : Resistência temporal no aspecto em que esta frase em particular resistiu ao passar do tempo de forma notável,perdurando até aos dias do hoje,e,ao que parece,vai continuar por cá mais uns bons tempos.

Uma das explicações para esse "fenómeno" poderia estar nas características "naturais" do português,o eterno insatisfeito,o crítico constante,o fado,a melancolia e a saudade,tudo devidamente simbolizado na figura bonacheirona de um Zé Povinho ou numa vistosa crista vermelha de um galo de Barcelos.


Parece até que já cá anda desde um tal de dia 25 de Abril de 1974,o que é caricato,dado que nos objectivos principais da revolução que aconteceu nesse mesmo dia estava precisamente o criar das bases para uma vida melhor para os portugueses,a equidade,o crescimento económico/cultural/social,uma democracia funcional e justa.


Democracia : é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de representantes eleitos — forma mais usual.Outros itens importantes na democracia incluem exatamente quem é "o Povo", isto é, quem terá direito ao voto; como proteger os direitos de minorias contra a "tirania da maioria" e qual sistema deve ser usado para a eleição de representantes ou outros executivos.

Está claro que este conceito acima descrito foi sendo,ao longo dos anos,deturpado e usurpado,dado que "o Povo" tornou-se descartável,subserviente,vitíma de manipulação e alvo de um sem número de interesses políticos e afins totalmente castradores,levando ao que hoje todos presenciamos,uma sociedade amorfa,conformada e a ver passar navios,se bem que é sempre salutar presenciar a organização de manifestações de desagrado sonoro e forte aqui e ali,ao menos é sinal que estamos vivos e que há voz.


Portanto lembrem-se,da próxima vez que ouvirem de alguém um sonoro "Isto está mau!..." respondam de imediato "Está sim,mas ao menos estamos e estaremos cá para lidar com isso e combater as adversidades que surjam!"...ah e rematem com um esperançoso e revigorante "E voltaremos a ser a Califórnia da Europa!".

Behave.